ANJL contesta estudo da ABMES sobre impacto das apostas no ensino superior

Na quinta-feira, 10, a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJLdivulgou nota de esclarecimento em resposta à reportagem publicada pelo UOL na quarta-feira, 9, com base em estudo da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). O levantamento aponta que 34% dos brasileiros teriam adiado o ingresso no ensino superior em 2025 devido a gastos com apostas on-line.

Segundo a ANJL, o conteúdo apresenta diversas contradições. De acordo com os dados aos quais a entidade teve acesso, 79% dos entrevistados afirmaram que não deixaram de investir em cursos, idiomas ou outras formas de aprendizado por causa das apostas esportivas.

A ANJL destacou, ainda, que o setor de apostas esportivas e de jogos on-line desaprova tentativas de associar operadoras a um suposto impacto negativo no desenvolvimento econômico e social do Brasil. 

“Ou seja, apenas duas em cada dez pessoas afirmaram ter tido esse comportamento. Comportamento esse condenado pela indústria de apostas, que sempre tem esclarecido que os jogos são uma forma de entretenimento e não devem jamais comprometer o orçamento familiar”, afirmou a ANJL em comunicado oficial.

Outro ponto questionado pela ANJL é a omissão de informações relevantes por parte da reportagem. Segundo a entidade, mais de 70% dos participantes do estudo afirmaram já ter recuperado o valor gasto com apostas ao jogarem novamente. Além disso, a maioria declarou destinar menos de 5% da renda mensal para esse tipo de atividade.

Para a ANJL, esse cenário mostra que “não há como categorizar apostas apenas como despesas”, evidenciando que “os gastos com esse tipo de entretenimento estão longe de comprometer as finanças da maior parte da população”.

A ANJL reforçou que não há relação direta entre a prática de apostas on-line e a decisão de adiar ou de não ingressar em cursos de ensino superior – como foi sugerido pela reportagem e pela própria pesquisa da ABMES.

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“Apenas um mercado regulamentado e íntegro pode atuar no país de forma comprometida, condenando quaisquer práticas distorcidas ou abusivas”, destacou a ANJL. A Associação também afirmou que divulgar informações incoerentes, como essa pesquisa, prejudica o mercado leal e a sociedade brasileira.  

“Por fim, a Associação reitera, mais uma vez, o seu compromisso com o jogo responsável no Brasil, orientando os jogadores de que as apostas são apenas um meio de diversão e não uma fonte de renda e nem de investimento”, concluiu a ANJL.

Além disso, segundo o BNLDataJosé Janguiê Bezerra Diniz, presidente da ABMES, também é sócio da EA Entretenimento e Esportes LTDA, detentora da BateuBet – casa de apostas on-line.

Conforme destacou Magnho José, editor do site e presidente do Instituto Brasileiro Jogo Legal, a reportagem do UOL indica falta de seletividade nas pautas, insistindo em “demonizar” o mercado.

“A pesquisa tem muitos dados positivos após a regulamentação do setor de apostas esportivas e de jogos on-line, que foram ignorados pelo portal, além do setor não ter sido ouvido na matéria jornalística”, afirmou o editor.

Principais dados do estudo da ABMES

A reportagem “34% adiaram graduação em 2025 devido a gastos com bets, dizem universidades”, publicada pelo UOL, apresentou dados do estudo da ABMES em parceria com a Educa Insights. Foram 11.762 entrevistados, com a faixa etária variando entre 18 e 35 anos. 

O levantamento indicou que 44% e 41% dos jovens do Nordeste e do Sudeste, respectivamente, afirmaram que não iniciaram estudos neste ano devido a gastos com apostas on-line. 

Crédito: UOL

Para 2026, 34% dos participantes afirmaram que precisarão parar de apostar para ingressar no ensino superior. Para integrantes das classes D e E, com baixa renda familiar – entre 1 e 4 salários mínimos -, esse índice é de 43%. Em contrapartida, na classe A, cuja renda familiar ultrapassa R$ 25 mil, o percentual cai para 22%. 

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Crédito: Metrópoles

“A entidade acredita que o enfrentamento ao impacto das bets [empresas de apostas] deve se dar com responsabilidade e dados, promovendo discussões em fóruns educacionais e políticos. Embora não se posicione diretamente contra a regulamentação do setor de apostas, a ABMES defende que é preciso haver limites, controle e políticas públicas de conscientização”, afirmou Paulo Chanan, diretor-geral da ABMES.

Dados do estudo também apresentaram que 14% dos entrevistados disseram que já atrasaram a mensalidade do curso ou trancaram a graduação, 24% deixaram de investir em academias e em atividades físicas por depositarem o dinheiro nas plataformas digitais e 28% afirmaram que pararam de sair para bares e restaurantes para ficar em casa jogando em sites de apostas.

Crédito: UOL

Segundo o Metrópoles, que também divulgou o levantamento da ABMES, apostar regularmente faz parte da rotina de 52% dos participantes. O perfil mais comum entre eles é o de homens, com idade entre 26 e 35 anos, pertencentes às classes C e D, com filhos e formação escolar majoritariamente em instituições públicas.


Crédito: Metrópoles
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