Brasil reporta aumento de fraudes no setor de jogos e apostas on-line

Um novo relatório da Sumsub, empresa especializada em soluções de compliance, mostra como operadores na América Latina estão lidando com o aumento das fraudes, a pressão regulatória e a expectativa de jogadores por processos rápidos e seguros.

O estudo analisou mais de três milhões de tentativas de fraude entre 2023 e 2025 e reuniu dados de mais de cem empresas de jogos e apostas on-line. O Brasil aparece com destaque nessa análise. Desde a regulamentação oficial do setor em janeiro, o país se tornou o principal foco global de fraudes com deepfake. Hoje, esse tipo de golpe ocorre em uma frequência cinco vezes maior do que nos Estados Unidos e dez vezes maior do que na Alemanha.

A explicação está embasada, segundo o estudo, na chegada repentina do mercado regulado, que criou um ambiente propício para jogadores legítimos e, ao mesmo tempo, para golpistas profissionais. A Sumsub identificou um padrão curioso de comportamento: jogadores reais costumam se registrar no fim da tarde, enquanto os fraudadores preferem agir durante a madrugada, entre quatro e oito horas da manhã. Esse intervalo coincide com a redução na vigilância de muitas equipes de segurança, o que facilita a ação de criminosos.

De forma geral, o índice global de fraudes no setor dobrou em dois anos, de 0,70% em 2023 para 1,39% no primeiro trimestre de 2025. Apesar da gravidade do aumento, uma em cada quatro empresas admite não saber exatamente quanto perde com golpes digitais.

A maioria dos ataques acontece depois da verificação inicial do usuário, principalmente por meio de contas com documentos legítimos usadas para lavagem de dinheiro.

Segundo Felipe Campos, sócio-diretor da LuckBet, a operadora integrou infraestrutura tecnológica baseada em IA preditiva, big data e biometria comportamental, a fim de monitorar o comportamento de jogadores e fiscalizar movimentações suspeitas na plataforma.

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“Só nos últimos 12 meses, conseguimos detectar e bloquear mais de 1.300 tentativas de fraudes e de manipulações. O tempo médio de resposta é inferior a quatro horas após o primeiro alerta”, afirmou Campos.

E acrescentou: “A regulamentação elevou o patamar de exigência do setor, e a tecnologia é essencial para garantir conformidade e proteger tanto o apostador quanto o ecossistema esportivo”. 

América Latina: fraudes em bets, mas satisfação maior do consumidor

Em meio a esse cenário desafiador, o relatório também aponta avanços importantes. O tempo médio de verificação caiu para 25 segundos, e a taxa de aprovação global subiu para 88,25%. A América Latina teve um dos crescimentos mais expressivos, puxado pelo amadurecimento regulatório e tecnológico em países como o Brasil, com o uso de inteligência artificial para facilitar a troca de dados, tornando o processo mais rápido e simples.

Por outro lado, a popularização da inteligência artificial também favorece o outro lado da moeda. Documentos falsos, identidades sintéticas e vídeos manipulados com precisão assustadora estão entre as maiores ameaças de 2025, segundo o relatório. Especialistas alertam que muitos operadores ainda reagem de forma lenta, e que mais da metade das empresas atualiza seus sistemas antifraude apenas uma vez por ano ou com menos frequência, o que cria brechas perigosas em um ambiente de ameaças em constante evolução.

O estudo conclui que as empresas mais bem posicionadas no setor são aquelas que conseguem equilibrar segurança, agilidade e experiência do usuário, o que significa integrar verificação biométrica, análise de comportamento, inteligência de dispositivos e monitoramento em tempo real.

Fonte: SBC

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