O governo federal manifestou estranhamento sobre a aprovação das apostas virtuais pelo Congresso Nacional enquanto os jogos presenciais, como cassinos e bingos, continuam proibidos no país. A discussão ocorreu durante debate sobre a regulamentação de jogos de azar no Brasil, que poderiam gerar empregos e aumentar a arrecadação tributária, especialmente em regiões turísticas.
Em entrevista ao programa Canal Livre da Band na noite deste domingo (31), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad defendeu o projeto de legalização dos jogos, que libera cassino em resorts, cassino turístico, bingo e jogo do bicho, além da regulamentação das bets no Brasil.
Dados da Fazenda Nacional revelam que 30 milhões de CPFs únicos estão cadastrados em plataformas de apostas online no Brasil, evidenciando a dimensão que este mercado já alcançou com a recente regulamentação.
“Olha, eu até é estranho de certa maneira o jogo virtual ter sido aprovado e o jogo presencial não. Eu estranhei esse movimento”, afirmou o ministro durante a discussão sobre o tema.
Cassinos como atrativos turísticos
Haddad destacou que os cassinos não atraem públicos massivos, diferentemente das apostas online. “Primeiro, porque o jogo presencial não é de massa. As massas não entram nos cassinos. Não é uma coisa popular.”
Segundo o ministro, os estabelecimentos de jogos presenciais funcionam principalmente como complemento turístico. “Isso é uma coisa para turista em lugares específicos em geral com outras atrações, né? Diferentemente de Las Vegas, a maioria dos cassinos está em lugares bonitos, né? Do ponto de vista da natureza, do ponto de vista da cultura, do ponto de vista…então são lugares estratégicos, que atrai o turista, que vai visitar e acaba jogando no cassino”, disse.
O Brasil deve receber mais de 9 milhões de turistas estrangeiros em 2025, demonstrando seu potencial de atração internacional. “Então o Brasil tem muita vocação turística”, ressaltou Haddad.
Foz do Iguaçu, Manaus e Rio de Janeiro foram mencionadas como possíveis locais para implementação de cassinos. “Então se você tivesse numa região de fronteira, no Foz Iguaçu ou em Manaus ou no Rio de Janeiro, você poderia ter. O virtual é uma coisa que foi aprovado pelo Congresso Nacional faz muito menos sentido do que o presidencial.”
A discussão também abordou a questão da ilegalidade. No Rio de Janeiro, o jogo do bicho opera à margem da lei, enquanto organizações criminosas como milícias, PCC e Comando Vermelho se beneficiam da falta de regulamentação.
O governo já direcionou parte dos recursos arrecadados com apostas online para a saúde pública, visando o tratamento de dependentes. A Fazenda Nacional mantém registro detalhado de todos os apostadores através de seus CPFs, permitindo maior controle sobre o setor.
“Eu não estou achando isso. Nós temos registro de CPF por CPF na Fazenda Nacional de quem está apostando. São 30 milhões de pessoas hoje no Brasil que apostam CPFs únicos. Infelizmente, têm pessoas que acabam gerando algum tipo de dependência e isso é grave. Por isso que carimbamos o dinheiro do imposto para a saúde, justamente para cuidar dessas pessoas”, comentou Haddad.
O debate sobre a regulamentação dos jogos presenciais continua no Congresso Nacional, com projetos que foram discutidos, mas não avançaram. O ministro da Fazenda reconheceu a afirmação do âncora do Canal Livre, Rodolfo Schneider que houve “uma inversão de prioridades” na aprovação das apostas virtuais antes dos jogos presenciais.
Band
Após acerto nas bets, Haddad defende avanço na regulamentação de cassinos e bingos no Brasil
O projeto de regulamentação dos cassinos e bingos está parado no Congresso, após o Senado adiar a votação em julho deste ano
Fonte: BNL